Liberdade

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lapsos






Desejo-te tão longe
saboreando a estranheza
que aprendi ao teu lado
te afasto com palavras duras
revelo que te odeio.
me envolve em teus braços
me faz querer ficar
te firo,te beijo,me rendo.

Vivemos uma noite
libertando instintos primitivos
eu, dando primeiros passos na escuridão
tu, um homem sem raízes
nós que fomos transformados 
em solução química de cheiros.

Não te quero aqui,
mas não te solto de uma vez
e juntos fingimos que a vida pode ser só isso.

Tu irás desaparecer em alguns meses
eu serei outra em alguns segundos
não pertencemos um ao outro, nós sabemos.
somos uma noite e um adeus.

E quem pisará nas flores, senão você?
Quem será tão frio quanto a noite, igual você?
Minha ironia ao seu lado nunca foi tão viva,
mas eu não te amo
não sinto nem sei o que é isso,
embora sinta e saiba do teu calor.

Somos estranhos dividindo capsulas de prazer
dois loucos errando o caminho
e já disse, não te amo
não sou uma tola
ou menina qualquer
me entrego,
mas não deixo que sintas
meu coração pulsar acelerado.

Te dou meu vazio e minhas trevas,
mas jamais me derramarei
numa taça p´ra você beber
feito vinho barato
que não aprecia o sabor.

Você irá partir em breve
e eu morrerei tão cedo
não serei completamente tua
serei pela metade
de qualquer jeito,
de um modo estranho e findo.

Te levarei a suspirar, a enlouquecer,
ao céu mesmo que não acredite nele
e nesses lapsos serei tua.

Seremos partículas de desejo,
caricias embebidas em vontade
Tudo, menos amor.

[ Cristina Braga ]


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