Liberdade

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domingo, 7 de dezembro de 2014

Deuses

As palavras tem asas
Voam para longe quando não acompanham o compassar desse coração desgastado.
Elas se lançam ao silêncio com tamanha pressa que eu não consigo alcançar nenhuma.
Coloco um sorriso para decorar esse rosto.
Logo estamos frente a frente sem ter muito o que dizer um ao outro.
Um amigo me disse que o fundo do poço é um lugar incrível para estar.
Que as possibilidades emergem dos finais.
Eu sorri, mas devia ter feito o tempo parar naquele instante.
Os amigos são deuses.
Vejo uma mitologia completa feita deles.
Suas virtudes e suas falhas são edificantes.
Na vida real que dividimos
sempre ha alguém sendo salvo,
sempre há um coração em jogo,
mas lá estão eles cumprindo seu papel.
Nós devíamos fugir dessas amarras... elas doem e me envergonham
porque eu mesma as amarrei.
E mesmo estando um inteiro caos
o céu continua lindo,
e eu mal consigo respirar,
mas não há poeira ou qualquer artifício.
É só minha falta de habilidade em viver.
Sou dessas que dizem o que não pode ser dito.
Do tipo de gente que vai perder muitas vezes.
Vou esperar segurando um copo meio cheio
do vinho mais barato da cidade,
não preciso de garrafas caras
para escapar a sanidade.
Eu, diferente das palavras não tenho asas.
Mesmo que tivesse não sei se iria para muito longe.
Nessa tragédia grega eu busco romper meus limites.
enquanto alguns estão infectados
pelo vírus da normalidade.
Quem sabe possamos ser deuses um para o outro.

Cristina Braga

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