Liberdade

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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Do faroeste da Legião até a Veronica do Harmônico


Eu conheci o Rock pelos sons desafinados na sala quando meu irmão começou a fazer um curso de violão. Além das suas tentativas musicais vieram revistas de cifras onde pude ser apresentada ao Rock Nacional e até mesmo ao Pearl Jam (folheando uma dessas encontrei a musica "Last Kiss" que na verdade foi um cover que a banda gravou em 1999). Um dos momentos cruciais foi quando o Roberto(brother) chegou um dia com a fita k7 do Raul Seixas que era nada menos que a gravação do álbum "Eu Nasci a 10 mil anos atrás" de 1976. Foi o inicio do coração acelerar por musica e por João de Santo Cristo que me deixava triste por eu não conseguir salva-lo de sua vida miserável e que mesmo em meio a impotência me fazia voltar a "Faroeste caboclo" da brilhante Legião Urbana.
 
 
 
Mais tarde no Osires Pontes (colégio da minha vida) eu escutava nos intervalos entre as aulas minha amiga Adriana contar as historias mais fascinantes dos festivais de Rock da praia de Iracema, eu que não podia ir ficava ao menos cantando com ela sucessos nacionais. Na minha sala sentava o Vandemberg (futuro adorador de New Metal) e através dele fui apresentada ao Jerson, o amigo tímido que trouxe o Nirvana para minha vida e assim finalmente eu achei uma obsessão que conseguiria alimentar, uma vez que o Jerson possuía varias revistas e cd´s. Ouvir o som da banda de Seattle era impactante e observar os fios loiros cobrindo os olhos apáticos do vocalista era como admirar o trágico. Estranhamente o grunge me acolheu talvez pela tristeza ou pela sinceridade e eu mergulhava em “Lithium” como se pudesse sentir a paz que essa droga causava as dores de Kurt Cobain.


Foram anos de empréstimos que o Jerson devia odiar, mas eu compensei indo a festivais para ver a Paradox, banda que ele criou junto do Vandemberg, Paulinho e Wellington. Nessas idas conheci o Wesley e o Diego, futuros grandes amigos. Foram algumas bebedeiras e musicas de Hardcore a preencher aqueles dias. Entretanto a próxima estrofe da minha vida traria algumas mudanças como responsabilidades e traumas que me fizeram seguir a diante me motivando a me exilar desses amigos, mas fiz questão de levar comigo a Pitty, Evanescence, Foo Figthers, Green Day, Blink 182 e outros artistas que comandavam as paradas das rádios.

Minha sensibilidade para o Rock ficou anestesiada até que anos depois num sábado a tarde eu mudando o canal da TV encontrei imagens de festivais dos anos 90 de jovens com camisas de flanela e cabelos cumpridos se reunindo em grupo. Imediatamente eu estava situada em Seattle e naqueles 120 minutos eu ouvi pessoas como Chris Cornell, Kurt e integrantes de uma banda que me marcaria para sempre. Estava sendo exibido o documentário Pearl Jam Thwenty que conta sobre os vinte anos da banda que estranhamente possuía uma musica nas primeiras revistas do meu irmão e que eu nunca havia procurado escutar até então. Quando Eddie Vedder explicou o motivo de ter escrito “Alive” eu senti como se não precisasse de mais nada. Com eles mergulhei no grunge pela segunda vez e permiti que minha vida vibrasse ao som do Rock´n Roll.
 
 
 
A sensação de plenitude veio ser posta a baixo ano passado quando estive presente na inauguração do Espaço Panela Rock Cunder. Ironicamente Harmônico Vulgar ia se apresentar e eu instantaneamente achei “Veronica” uma grande canção. Ela não me fez querer morrer como sua letra promove ao desolado autor, mas me fez perceber que o Rock autoral é lindo e digno de ser cultuado. Ouvir uma banda em outro continente promove aprendizado mas não significa tudo. Eu percebi que eu precisava de mais e esse plus está na cena independente. Ouvir musicas no fone de ouvido ou no quarto não promove experiências palpáveis e não estou dizendo que os ídolos não são reais. Só quero lembrar que não existe nenhum deus na musica (desculpe, adoradores dos deus do metal), a musica que ele toca também pode estar sendo produzida no seu bairro de uma forma até mais inovadora e basta apenas ir aos festivais com o desejo de conhecer o novo.
Há bandas com qualidade que estão fazendo sua historia agora e você ao invés de assistir por um documentário, pode fazer parte dela... É o caso da The Good Gardem fazendo 10 anos e é o caso de tantas outras que merece atenção!

 


 
 Foto: Harmônico Vulgar e The Good Gardem respectivamente.
 
 

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